Olá leitores. A obra que trago hoje é uma brilhante publicação de Anne Applebaum - A Cortina de Ferro, o fim da Europa de Leste. Bem, estava eu mais uma vez pesquisando sobre comunismo. Dessa vez procurei uma obra que relatasse como o sistema dominava e influenciava a vida das pessoas. Para minha surpresa encontrei o livro em pauta. Detalhe: não era vendido no Brasil, não foi lançado por aqui (até 2016) e eu tive que importar de Portugal. Importei através da Livraria Cultura. Preço da curiosidade: 125 reais. Valeu cada centavo. É uma obra espetacular, Applebaum investiga com profundidade como o Comunismo dominava os povos do leste europeu em vários aspectos.
Anne
Applebaum escreve este maravilhoso livro que explica como o Comunismo foi
imposto à força no leste europeu – com maior abordagem à Alemanha Oriental,
Polônia e Hungria retratando o ano de 1944 até aproximadamente 1956. A obra
levou mais de seis anos de extensa pesquisa. Um fato que muito me surpreendeu,
segundo a escritora, foi algumas pessoas terem desaparecido após entrevistas
concedidas para a obra.
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Applebaum abordou um tema até então pouco explorado |
Escrito de forma minimalista com ótima descrição e não linear - os eventos são apresentados de forma não-cronológica ou aleatória, movimentando-se entre o presente e acontecimentos passados, Applebaum demonstra todos os pormenores das histórias de vida dos cidadãos com relatos e entrevistas nos anos imediatamente pós-guerra e como tinham que escolher entre lutar, fugir ou colaborar; mencionando também as perseguições que a igreja, os meios de comunicação, instituições e associações sofreram pelo regime. O leitor não encontra dificuldade em perceber como o Comunismo estava fechando o cerco, ou melhor, pondo a Cortina de Ferro propriamente dita visto que a escritora escreve de forma clara.
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Embora o português de Portugal tenha algumas palavras diferentes não atrapalha a desenvoltura |
Com
riqueza de detalhes explora a limpeza étnica - embora a II guerra tenha
acabado, ainda continuou. Como a juventude estava inserida e se comportava no
contexto do regime, a participação do rádio na propaganda e sua influência, a
política e a economia. Muito claro ficou também como os comunistas viam e
faziam para deter inimigos internos, a utopia do Homo Sovieticus – com forte
doutrinamento; a Cidade Socialista – que seria a cidade modelo. Como não
poderia faltar, Applebaum aborda a tensão que levou Moscou a ficar em alerta
com a revolta de Berlim em 1953 e em Budapeste em 1956.
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O leitor é premiado com bastante material fotográfico |
Esta
excelente obra possui mapa dos países e suas delimitações antes e depois da
chegada do Comunismo e 24 páginas de fotografias da época abrangendo o modo de
vida, os líderes do partido, trabalhadores e as revoltas que ocorreram.
Chamo a atenção para os leitores detalhistas. Comprei o livro em outubro de 2015, na época, como citei acima, não havia ainda sido lançado no Brasil. Escrevo este texto em agosto de 2018, a obra já foi lançada por aqui, entretanto, uma publicação com fatos históricos do nível dessa escritora, a editora responsável pelo livro no Brasil suprimiu as fotografias da edição original (folheei na Saraiva). O leitor somente terá o texto ficando sem o excelente material fotográfico. Uma pena. Não sei que critério a editora utilizou para retirar as fotos. Como sou detalhista, achei a capa da edição portuguesa mais bonita e mais viva do que a edição nacional. Se você gosta do assunto e da maneira como a escritora abordou, recomendo a versão portuguesa, muito mais completa e terá na estante um livro grandioso.
Depois de ler o ótimo "Gulag" da Anne Applebaum, não pensei duas vezes em comprar o "Cortina de Ferro".Tenho a versão nacional, uma pena que não incluíram o material fotográfico,concordo que a capa da versão portuguesa é mais bonita.
ResponderExcluirOlá Krisley. Obrigado pelo comentário. Gulag é outra obra que estou caçando, mas está muito cara. Vou aguardar para baixar e comprar. Quanto ao Cortina de Ferro, vi a edição nacional na livraria Saraiva e achei a edição portuguesa mais caprichada. Abraço.
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